sábado, 16 de fevereiro de 2013

Dom Eduardo




Dom Eduardo, como foi sua infância e o seu chamado ao sacerdócio?

Dom Eduardo: O início da minha vida estava escondido no mistério de Deus e escondido nos meus pais. Comecei, provavelmente, minha existência em 1940, porque nasci em 1941. E, os meus pais eram pessoas de vida cristã e de fé. Cresci nesta família. Meu pai deu-me este nome por causa do, então, Presidente da Tchecoslováquia que se chamava Eduardo Benes, e que fazia uma forte resistência às pretensões  expancionistas de Hitler e ao Nazismo. Meu pai era do interior, mas gostava muito de ler sobre política, lia muito a revista Seleções  e, lá, encontrou essa figura do Eduardo Benes, com quem simpatizou. Talvez ele tivesse pensado que eu pudesse ser um bom político. Meu irmão, que nasceu antes de mim chama-se Fernando Horta, por ter nascido perto da festa de Santo Antonio (que na verdade chama-se Fernando). Este nome também não é de família, mas de um Monsenhor que era famoso e muito santo. Meu pai pôs esse nome nele pensando que pudesse ser um padre. Meu irmão, depois, realmente falava de ir para o Seminário. Lembro-me que, aos dez anos, terminando o grupo escolar ele desistiu desta idéia e, na época, eu me "candidatei" a ir no lugar dele.
Esta minha decisão estava relacionada à presença de um seminarista na minha casa, que descreveu o Seminário como sendo um lugar bom, um lugar de boa convivência, de muito lazer. E, eu precisa continuar estudando! Resolvi ir para o Seminário e ser padre. Porém, na minha cabeça tudo estava misturado, especialmente dois elementos. O primeiro: a destinação futura do que eu iria fazer da minha vida - que para mim ainda era algo muito longíquo - e, a segunda, e imediata, que me atraía muito: jogar bola, piscinas, etc. Naturalmente isso teve uma influência... São os meios que a Providência dispõe para conduzir-nos através da vida.

Depois de ordenado padre o senhor trabalhou muito e, então, veio o chamado para ser Bispo. Conte-nos um pouco como aconteceu esse processo?

Dom Eduardo: Fui para o Seminário e lá terminei o que se chama hoje de Ensino Fundamental. Fiz o Ensino Médio. Aos dezesseis anos recebi a batina e fui para o Seminário Maior de Mariana/MG, pois sou de Juiz de Fora/MG. Em Mariana/MG, estudei Filosofia. Cursei e terminei a Teologia em São Paulo/SP. Fui ordenado padre em 13 de dezembro de 1964, na Catedral de Juiz de Fora/MG, onde servi como padre até ser sagrado Bispo, em 1998, no dia 21 de junho, também na mesma cidade. Trabalhei na Catedral como vigário paroquial. Fiz também alguns cursos com especialização em Catequese. Orientava a Catequese da Diocese. Em 1971 fui trabalhar no Seminário, na formação, acompanhando os futuros padres até o ano de 1994. Depois disso, deixei o Seminário, embora tivesse continuado a lecionar e trabalhar numa paróquia como vigário paroquial, sendo ao mesmo tempo vigário geral. Assim se passaram mais quatro anos, até o ano de 1998, quando fui ordenado Bispo Auxiliar para Porto Alegre/RS.

Como o senhor recebeu a notícia de sua nomeação?

Dom Eduardo: Recebi de uma forma natural. Quando fui comunicado através do emissário da nunciatura, Mons. Máximo, que foi até a minha casa para dizer que eu iria para a Diocese de Porto Alegre/RS, a notícia provocou-me uma relativa surpresa. Mas, a maior surpresa mesmo foi sair de Juiz de Fora/MG para ir para Porto Alegre/RS, pois sabia que naquela Diocese há um clero numeroso e bom. Eu não via muito sentido que um padre de Minas Gerais, do interior, fosse para lá. E, até disse para o Mons. Massimo: "Porque não fazer Bispo Auxiliar Porto Alegre/RS, um gaúcho?" Ele não respondeu à minha pergunta, somente disse que era vontade do Santo Padre que eu fosse para lá. Deste modo, a mudança aconteceu, de cidade, de Diocese, e fui  trabalhar como Bispo Auxiliar, juntamente com Dom Altamino Rossato, com quem fiquei por dois anos e pouco.
Depois, em 2001, fui comunicado que seria transferido para Lorena/SP, o que eu recebi com agrado, embora gostasse muito de Porto Alegre/RS. No dia 11 de março de 2001, tomei posse da Diocese de Lorena/SP,  como Bispo sucessor de Dom João Hipólito de Moraes, que é o Bispo Emérito e que entregou a função em razão de sua idade.

Como Arcebispo de Sorocaba-SP, tomei posse em em 3 de julho de 2005, solenidade dos apóstolos Pedro e Paulo, às 16h na Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Ponte. Hoje integram a Arquidiocese as cidades de Araçoiaba da Serra. Boituva. Cerquilho. Iperá. Piedade. Porto Feliz. Slato de Pirapora. Sorocaba. Tapiraí. Tietê e Votorantim.



Dom Eduardo, são bastante contagiantes sua alegria e seu bom-humor. Como o senhor explica a relação entre a santidade e a alegria?

Dom Eduardo: Jesus morreu na cruz para que fôssemos alegres, e isso encontramos no capítulo 17 do Evangelho de São João. Jesus reza ao Pai pedindo que conservasse os discípulos unidos a Ele. Mais adiante, neste mesmo Evangelho, Jesus diz assim: "...Para que a minha alegria esteja neles e seja completa". Algumas vezes Jesus fala da alegria d'Ele e que essa alegria é nascida de uma certeza profunda de ser infinitamente amado pelo Pai. A diferença de ser infinitamente amado, no Coração de Cristo, certamente é a raiz de uma alegria que não é falsa, que não é efêmera. Esta alegria profunda é que deve tê-Lo sustentado em Seu profundo sofrimento. Era uma alegria que vinha de dentro! E, Ele morreu pedindo que essa alegria estivesse em nós. Que bom se pudermos fazer a experiência.


Antes de formar você no ventre de sua mãe, eu o conheci; antes que você fosse dado a luz, eu o consagrei, para fazer de você profeta das nações. (Jeremias 1, 5)




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